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#19 O pace importa? - Uma abordagem fisiológica e biomecânica sobre o tema


Existem vários tipos de corredores, dentre eles aqueles que se importam muito com o ritmo desenvolvido por quilômetro (que chamamos de pace) e aqueles que correm por curtir o esporte, sem se importar com o ritmo que está correndo. Mas qual a importância do controle do pace? Vamos abordar aspectos fisiológicos e biomecânicos sobre o tema.

Primeiramente gostaríamos de deixar claro que não há problema algum em não ser adepto deste referencial para a prática esportiva, desde que seu objetivo não seja melhora de performance ou controle de sobrecarga intracorporal de esforço. Cada um tem seu estilo de aproveitar deste esporte e o importante é promover saúde e qualidade de vida.

Usando o pace como referencial, ele tem uma importância gigantesca no controle de intensidades de treino, de desgaste de estruturas físicas e na prescrição de treinos e interpretação de seus resultados ao final da sessão.

Primeiramente, é utilizando do pace que podemos trabalhar todas as capacidades fisiológicas de uma pessoa (limiares e Vo2 máximo - observar texto #17). Facilmente com alguns testes indiretos como o de 3, 5 ou 10 quilômetros máximos, podemos delimitar as zonas de treino, que nos mostra para qual pace precisamos correr determinada distância para trabalhar determinada característica fisiológica.

Por outro lado, interpretando o resultado de testes, treinos e provas através dessa variável (pace), podemos tirar várias conclusões como porquê da perda de rendimento no final de uma prova (pode ter começado forte demais - o famoso "quebrou"), falta de hidratação, suprimento nutricional, sono ou questões emocionais que possam interferir no desempenho (se o atleta fez o ritmo pré determinado e mesmo assim tem uma mudança de desempenho brusca durante um estímulo pré determinado, ou simplesmente não rende, pode nos indicar algum dos fatores anteriores), ou simplesmente se a sessão de treino foi produtiva ou não.

Biomecanicamente falando, quando ajustamos um pace ideal para o nosso objetivo específico para uma sessão de treino ou uma prova, temos a condição de ter o melhor custo benefício em relação a isso. Um pace "lento" demais bem como um pace "acima do possível" para dado estímulo gera desgaste. Portanto não adianta usar como estratégia o famoso "começar mais devagar" se você diminui o desgaste fisiológico e aumenta consideravelmente o desgaste físico. Nosso corpo precisa dos 2 componentes funcionando em sinergia e se um deles não está alinhado, vai "pagar o preço" mais pra frente.

Além disso, correr em paces muito aquém do que seria o ideal para certa pessoa, pode aumentar consideravelmente o risco de lesões em estruturas como joelhos, tibia e quadril já que estaria "freando" o movimento e assim, aumentando a força aplicada sobre elas. Vale lembrar que a corrida possui um fator de impacto lesivo ao corpo muito baixo, mas esse componente de aumento de sobrecarga aliado a volumes e intensidades exagerados torna o risco de lesão muito mais elevado (ou seja, correr devagar demais pode aumentar as chances de ter lesão).

Por fim, o aumento de pace associado a outros indicadores é um excelente indicador de fadiga fisiológica, como por exemplo, quando ocorre esse aumento em combinação com maior tempo de contato dos pés no solo. Mostra que o corpo está cansado fisiologicamente falando e que, a partir desse momento o desgaste físico passa a ser aumentado também.

Agora algo importante: o treino deve ser feito no pace pré determinado! Se é feito fora dele, as propriedades fisiológicas e biomecânicas pensadas para aquele treino não estão sendo alcançadas. Se por algum motivo não bate o pace com a percepção física e fisiológica da pessoa com uma certa constância (um dia ou outro é normal por conta da nossa predisposição à realizar o treino), significa que o referencial ao qual esse pace foi pré estabelecido está errado. Ou o atleta melhorou e o referencial está desatualizado, ou o teste não foi feito em esforço máximo. Em ambos os casos o teste (ou série controle) deve ser realizado novamente.

Como dissemos, cada um tem seu objetivo com a corrida e isso deve ser respeitado. Porém o pace é um excelente indicador de diversos fatores para ser ignorado quando o objetivo é a melhora de performance, independente do nível do corredor. Por isso, vale a pena prestar atenção nele!


Fábio Targas Gonçalves

CREF: 091562-G/SP

TARGAS PERSONAL COACH - ASSESSORIA ESPORTIVA

@targaspersonalcoach

@fabiotargas


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