Uma questão muito importante na prevenção de lesões no esporte é a mobilidade articular, a flexibilidade das cadeias musculares bem como um equilíbrio muscular adequado entre musculaturas agonistas e antagonistas (que executam os movimentos e que freiam a execução dos movimentos, gerando a coordenação necessária para uma boa execução do gesto da corrida). Vamos falar um pouco sobre a importância da mobilidade articular?
Mas antes de falarmos sobre o assunto precisamos entender a diferença entre eles. Segundo NASM (2012) a flexibilidade pode ser simplesmente descrita como a capacidade de movimentar a articulação num completo ângulo de movimento – amplitude de movimento (AM). A amplitude de movimento de uma articulação é determinada pela extensibilidade normal de todos os tecidos moles que a circundam. Uma característica importante do tecido mole é que só vai adquirir extensibilidade eficiente se um controle otimizado do movimento for mantido através de toda amplitude de movimento. O controle otimizado do movimento é referido como amplitude de movimento dinâmica, que passa a ser a combinação da flexibilidade e capacidade do sistema nervoso de controlar a amplitude de movimento eficientemente.
Ainda hoje, ouvimos por aí que é necessário alongar antes das atividades físicas para prevenir lesões. Por outro lado, revisões sistemáticas mostram que alongamento não previne lesão (Thacker, 2004) e que o alongamento prévio pode diminuir a força muscular (Rubley, 2008) durante a atividade física.
Dessa forma, alongar antes dos treinos pode até ser contraproducente. A verdade é que, perante a maioria dos esportes, o que o atleta mais precisa é de mobilidade. Mas, o que é mobilidade articular? As articulações do nosso corpo precisam obter amplitudes suficientes para a execução plena dos movimentos. Então, o foco deve ser muito maior nos tecidos articulares do que na “flexibilidade muscular”. Cada articulação tem a sua função motriz, que se intercala sincronicamente, respeitando a lei biomecânica.
Mobilidade x estabilidade: prioridade em cada articulação
Tornozelo: mobilidade
Joelho: estabilidade
Quadril: mobilidade
Coluna lombar: estabilidade
Coluna torácica: mobilidade
Escápulo-torácica: estabilidade
Gleno-umeral (ombro): mobilidade
Analisando a questão em relação a corrida, podemos dizer que o maior objetivo é uma estabilidade lateral porém mobilidade antero-posterior de tornozelos, estabilidade em relação à joelhos e estabilidade lateral de articulações de quadril com boa mobilidade antero-posterior. Essas adequações irão garantir que não se tenha movimentos indesejados que poderiam levar a lesões, bem como a uma melhor performance, aproveitando a relação alongamento/encurtamento na contração da musculatura para gerar o gesto motor da corrida em sua máxima extensão.
A dor em algum local é um bom indicativo de falta de mobilidade ou falta de estabilidade em de alguma articulação. Para a identificação do que estaria errado é sempre válido uma avaliação biomecânica onde os 3 fatores seriam observados: mobilidade articular, flexibilidade muscular e equilíbrio muscular.
Por esse contexto torna-se muito importante, além do trabalho de fortalecimento muscular e de flexibilidade, o trabalho de mobilidade articular, principalmente nas articulações envolvidas no gesto motor do esporte em questão. Então, vamos trabalhar mobilidade!
Arthur Magri de Carvalho CREF: 095277-G/SP
Targas Personal Coach - Assessoria Esportiva
@targaspersonalcoach
@arthurmc87
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