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#18 Só treinos de tiro fazem com que o ritmo melhore?


É comum vermos corredores e praticantes de outras modalidades individuais falarem: quer melhorar seu ritmo, então faz treino de tiros! Isso não deixa de ser uma verdade, porém é uma verdade parcial.

Os treinos de tiro fazem uma adaptação fisiológica grande no Vo2 máximo, que é a capacidade que o corpo tem em utilizar o oxigênio captado pela respiração para gerar energia para o corpo. Porém o que muitos não sabem é que para este componente existe um platô (genético e que cada pessoa possui o seu), e que muitas vezes o atleta de maior Vo2 máximo não é o campeão das provas.

Então o que é determinante na melhora do desempenho de uma pessoa? Falamos um pouquinho disso no texto #17 (recomendamos a leitura para ter maior compreensão deste texto), mas de forma bem resumida, é o quão mais alto se localizam os pontos de 1º e 2º limiares ventilatórios, bem como quanto tempo demoramos para atingi-los e como o nosso corpo se comporta nas características fisiológicas residuais, principalmente no 2º limiar.

Quanto mais elevamos o ponto e o tempo para se chegar no 1º limiar, mais tempo estaremos executando a atividade em condições no máximo moderadas, com menor gasto energético e condições residuais menos ácidas para o corpo. Esses treinos são aqueles de rodagens moderadas, com pace mais altos (mas não é trote leve) relativamente confortáveis.

O mesmo ocorre tratando-se do 2º limiar. Quando aumentamos o tempo para se chegar a ele e o ponto onde isso ocorre, melhoramos o tempo em que o efeito tamponamento ocorre (onde nosso corpo através de soluções básicas de bicarbonato de sódio) anulando os resíduos ácidos gerados pelas reações químicas que geram energia ao corpo, ou seja, prolongando o período de melhor funcionamento do corpo na geração de energia. Também passamos a suportar por mais tempo essa condição mais ácida intramuscular. O trabalho em 2º limiar pode ser feito com estímulos durante alguns treinos ou com alternância de intensidades utilizando um fartlek por exemplo.

Exemplo para um atleta, esse ponto do 2º limiar pode estar a 65% do seu Vo2 máximo, enquanto para outro atleta (mais treinado) esse mesmo ponto pode estar a 85% do seu Vo2 máximo. Ou seja para a mesma intensidade de trabalho, ambos terão desempenho (e consequentemente ritmos) bem distintos de trabalho. São as características deste exemplo que são mais determinantes para um desempenho em provas.

Vale lembrar que ao melhorar o Vo2 máximo com os treinos de tiros, também estamos melhorando indiretamente esses limiares. Por essa condição indireta que é senso comum utilizar de treino de tiros para uma melhora de performance. Porém esta melhora ocorre de forma muito mais elevada em treinos específicos destas condições fisiológicas, e o grande determinante de desempenho está muito mais ligado a essas condições do que propriamente a condição do Vo2 atingido.

Ou seja, até mais importante que fazer os treinos de tiro, é distribuir dentro da periodização todos os tipos de treino, equilibrando os volumes e intensidades, fazendo as adaptações mecânicas, fisiológicas e nutricionais necessárias e evoluindo de forma consistente.

Vamos melhorar com consistência!


Fábio Targas Gonçalves

CREF: 091562-G/SP

TARGAS PERSONAL COACH - ASSESSORIA ESPORTIVA


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